Burocracia: a trava nos olhos do empreendedor
- Frederico Aburachid
- 30 de jun. de 2017
- 2 min de leitura

Segundo o Banco Mundial, dentre 189 países analisados, o Brasil está na 116ª posição em burocracia para a abertura, manutenção e encerramento de empresas.
O Brasil estaria atrás, por exemplo, de Belize, Sri Lanka, Peru, Colômbia e Uruguai. Ficaria à frente de economias incrivelmente inóspitas.
Por outro lado, acaso fossem afastados os excessos burocráticos, o PIB tenderia a aumentar 17%, segundo pesquisa divulgada pela FIESP. Mesmo sem as reformas tributária e trabalhista.
A burocracia representa, portanto, uma trava nos olhos do empreendedor brasileiro, desestimulando novos investimentos.
Apesar dos pesares, vivemos o “nascimento da Era Caórdica”, de acordo com Dee Hock – CEO Emérito da VISA e seu fundador.
Segundo Dee Hock, caórdica é a pessoa disposta a não ser dominada nem pelo caos nem pela ordem.
Em outras palavras, pode-se dizer que tal adjetivo é ligado a pessoas (e instituições) verdadeiramente criativas e não submissas.
A despeito de serem inconformadas por natureza, essas pessoas perseguem contínuos avanços para o bem da coletividade. Acima de seus interesses individuais, não se rendem a premissas preestabelecidas e buscam inovar nos negócios e nas instituições em geral.
Sabe-se que as pessoas e as instituições brasileiras têm enfrentado esse grave paradoxo: desejam mudanças organizacionais, menor burocracia, maior credibilidade e confiança, o fim da corrupção, mas ainda estão presas a conceitos, agendas e procedimentos do passado.
Para eliminar os entraves burocráticos do Brasil e para que o país volte a crescer, devemos ser literalmente caordicos em meio ao caos e a ordem que atravessamos.
É preciso inovar nas ideias e nos meios de ação. Não se prender a conceitos mecanicistas do passado. À luz da força criativa dos brasileiros e de nossas instituições devemos quebrar paradigmas que nos acompanham culturalmente ao longo de décadas.
Novas construções coletivas – sem as amarras burocráticas de um Estado anacrônico – precisam ser edificadas.
A criatividade dos brasileiros é a resposta para retomarmos o crescimento. Compromissados com a ética, a legalidade e a verdade, podemos inovar, respeitando a diversidade e com equilíbrio. Novas agendas positivas propiciarão a melhoria contínua do ambiente de negócios, a redução do Estado e a concretização de direitos fundamentais.
O horizonte não tem fim para os olhos de um empreendedor. Portanto, não nos limitemos as agendas do passado e presos às travas da burocracia. Só assim construiremos um país realmente competitivo e aberto para empreender. Sejamos caórdicos.
ABURACHID, Frederico José Gervásio. Burocracia: a trava nos olhos do empreendedor. Belo Horizonte, 2017.
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